Notícias

Estagiário do TJPR é exemplo de coragem e superação

Entre dezenas de estagiários acadêmicos do curso de Direito que atuam no Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), um se destaca. O trabalho que ele realiza não é diferente do que é feito por outros estudantes, mas certamente o seu grau de dificuldade é bem maior.

Maurício Tchopi Dumbo, 25 anos, é angolano, com deficiência visual total e foi alfabetizado apenas após os 11 anos, quando chegou ao Brasil. Ele e cinco irmãos perderam o pai, soldado que lutava na guerra civil de seu país.

Cursando o último período do curso de Direito em Curitiba, Dumbo sonha alto. “No futuro, quero ser juiz e pretendo um dia trazer minha mãe a Curitiba, para poder lhe oferecer uma vida melhor”, disse. A mãe, que ainda vive em Angola, desde a morte do marido trabalha como diarista para sustentar a família.

Há 14 anos, Dumbo deixou a família para trás ao ingressar num grupo de jovens com algum tipo de deficiência, financiado pelo governo angolano, que teriam a oportunidade de estudar no Brasil. Separou-se então da mãe dos irmãos e chegou a Curitiba, onde iniciou do zero a sua vida escolar.

Há um ano, entretanto, o suporte financeiro deixou de ser enviado por Angola e o grupo teria que retornar ao país africano. “Queríamos muito ficar e buscamos a mídia para pedir ajuda da população”, contou.

Além de conseguir uma bolsa de estudos de uma universidade particular para prosseguir o curso de Direito, a história de Dumbo chegou ao conhecimento do Desembargador Vicente Misurelli, que ofereceu a ele uma oportunidade de estágio.

“Para mim, foi como ganhar na loteria, pois todos os meus colegas da universidade queriam ter essa oportunidade de atuar no TJPR”, disse o estagiário.

O Desembargador Misurelli falou sobre o caráter social da ação: “A acolhida pelo Tribunal de Justiça, com o empenho do Departamento de Gestão de Recursos Humanos, marca o importante papel da instituição no encaminhamento de vidas e destinos”, comentou.

Exemplo de superação, entre outros desafios, Dumbo faz diariamente, sozinho, quatro viagens de ônibus para se deslocar pela cidade entre a sua casa, o estágio e a faculdade. Outro detalhe é que utiliza um programa de computador para transformar em áudio o vasto material escrito de seus estudos e trabalho.

“Durante as aulas na universidade, fico com um fone num dos ouvidos, onde acompanho em áudio as informações que estão no notebook, enquanto com o outro ouvido acompanho as explicações dadas pelo professor”, explicou.

Dumbo ainda é jogador profissional de futebol de salão e foi eleito o melhor jogador do “Brasileirão” 2015 de futebol de salão para pessoas com deficiência visual, torneio em que o seu time (Agafuc) foi campeão.

Ele pretende disputar os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro de 2016 como ala da Seleção Brasileira de futebol de salão e, para isso, já deu entrada no processo de naturalização brasileira. “Será a realização de mais um sonho”, disse.

A história do estagiário do TJPR Maurício Tchopi Dumbo foi contada no telejornal Paraná TV 1ª Edição desta quarta-feira (18/11). Veja aqui.

Fotos: TJPR e divulgação/CBDV.