CEMSU de Curitiba aplica Justiça Restaurativa com mulheres


CEMSU DE CURITIBA APLICA JUSTIÇA RESTAURATIVA COM MULHERES

 

Com o objetivo de acolher mulheres que receberam transações penais por delitos leves, como ameaça e desacato, a 2ª Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do Paraná e a Central de Medidas Socialmente Úteis (CEMSU) vem promovendo rodas de conversa para debater temáticas como autoestima, relações saudáveis e empoderamento. Os encontros, realizados em parceria com o Instituto Aurora, foram realizados nos meses de novembro e dezembro, na sede da CEMSU, nos Juizados Especiais da Av. Anita Garibaldi.

 

Como explica a servidora Fernanda Queiroz, que atua na Central, as conversas são realizadas utilizando a técnica da Justiça Restaurativa, com a realização de círculos não conflitivos promovendo a construção da paz. “Essa roda de conversa, de mulher para mulher, é uma parceria com o Instituto Aurora, de forma a promover um espaço de diálogo e reflexão sobre gênero, autoestima, empoderamento feminino, para que essas mulheres, que nunca tiveram acesso a esse tipo de reflexão, possam atingir esse lugar ‘enquanto mulheres’ e que possam pensar sobre isso”, diz.

 

É como aconteceu com a Tereza Oliveira, um exemplo de participante que se surpreendeu com o atendimento oferecido pelo judiciário. “Foi lindo, nunca estive numa reunião, num lugar assim que fosse tão acolhedor. Se eu soubesse que era tão bom, tinha vindo antes!”, conta. 

 

A adesão das prestadoras

 

A escolha das participantes acontece a partir dos encaminhamentos do Ministério Público para Central de Medidas Socialmente Úteis, a partir desses dados foi observado o alto número de mulheres envolvidas em atos semelhantes, que provocaram a equipe a realizar um atendimento diferenciado. “Através da transação penal no Juizado Especial Criminal, o Ministério público encaminha pra gente todas as situações de prestação de serviços, principalmente envolvendo as mulheres condenadas por infrações como desacato, ameaça, vias de fato, muitas com outras mulheres, então criamos esse espaço para que haja o diálogo e a reflexão ao redor disso”, conta. 

 

Na segunda edição da roda de conversas, as participantes se mostraram muito abertas, mudando o conceito do Judiciário, que, normalmente, traz uma imagem opressora. “A aceitação é de quase 100%”, confirma a servidora. “As participantes têm apresentado um retorno muito positivo em relação aos círculos, estão aderindo e amando”, diz Fernanda. 

 

Participando da roda de conversa pela 2ª vez, Claudia Oliveira teve boas experiências e elogia a proposta da iniciativa. “A gente vem pra descobrir algo novo e acaba fazendo um círculo de amizades. Ali a gente dividiu nossas experiências, choramos juntas, entendemos a dor de cada mulher que estava ali. A proposta foi exatamente essa, atingiu seu objetivo”, diz. 

 

Os primeiros círculos foram comandados pelas facilitadoras do Instituto Aurora, Michele Bravos e Fernanda Mattos, de forma gratuita. A previsão é que o trabalho acontecendo no próximo ano, com a possibilidade de realização de um próximo encontro já em janeiro.