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Método de ressocialização Apac reduz reincidência ao crime em várias comarcas do estado


MÉTODO DE RESSOCIALIZAÇÃO APAC REDUZ REINCIDÊNCIA AO CRIME EM VÁRIAS COMARCAS DO ESTADO

Quatro comarcas do Paraná aplicam o método, que, em breve, será disponibilizado na comarca de Dois Vizinhos

A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) é um método de cumprimento de pena que se pauta pela disciplina, trabalho, estudo, cumprimento rígido de horários, envolvimento da família, religião e voluntariado. O método tem por objetivo diminuir a criminalidade pela ressocialização de pessoas em privação de liberdade. O atendimento é gratuito, e depende da ação de voluntários. 

“O método Apac promove uma mudança de consciência nas pessoas presas e também promove o envolvimento da comunidade. No sistema prisional convencional, cada preso custa em média três salários mínimos mensais ao Estado e o seu índice médio de ressocialização é de 20%. Já no método APAC, o custo cai para um salário mínimo e o índice de ressocialização sobe para mais de 90%”, afirma o desembargador Ruy Muggiati, supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF) do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR).  

A metodologia foi criada em São Paulo e a primeira comarca do Paraná a utilizá-la foi Barração, em 2017. Cinco anos depois, as Apacs espalharam-se pelo estado, devido aos bons resultados. Atualmente, quatro comarcas aplicam o método: Barracão, Ivaiporã, Pato Branco e Toledo. Além destas, outras comarcas, como a de Dois Vizinhos, estão estudando a implantação

Os voluntários e voluntárias auxiliam em atividades diárias como preparo de refeições, limpeza do local e cursos de empreendedorismo. Clique aqui para mais informações de como se voluntariar nas Apacs. 

 

Dois vizinhos 

Com o princípio de valorização do ser humano, a Apac deve chegar à comarca de Dois Vizinhos em 2024. “A iniciativa é de grande relevância para a comunidade de Dois Vizinhos e para a sociedade em geral. É necessário implementar soluções para reorganizar e humanizar o sistema carcerário do Paraná e do Brasil, para que este possa cumprir a sua verdadeira função na sociedade que é a de melhorar pessoas”, afirmou o desembargador Ruy Muggiati. 

O projeto foi aprovado em 2018, em audiência pública realizada na comarca, e, desde então, a diretoria busca voluntários e recursos para colocar o plano em prática. “Essa metodologia mais humanizada, já reconhecida internacionalmente, é muito importante. Realizamos reuniões mensais junto ao Fórum para a estruturação e instalação da Apac, com a participação da diretoria da entidade e do Poder Judiciário. O Tribunal de Justiça, por meio do GMF, vem apoiando a criação de Apacs no estado do Paraná a fim de garantir a efetiva aplicação da lei de execução penal”, conta a magistrada Divangela Précoma Moreira Kuligowski. 

Recentemente, as autoridades da comarca participaram do Congresso Nacional das Apacs: “Esse congresso mostrou, na prática, a forma que essas pessoas são transformadas com a Apac. Fizemos contatos, trouxemos materiais, experiências, para aplicar e construir nossa Apac aqui. Percebemos um trabalho forte do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Igrejas, que são muito presentes nesse trabalho, e a gente trouxe muita bagagem para aplicar em Dois Vizinhos”, disse o presidente da Apac de Dois Vizinhos, Paulo Violato. 

O município de Dois Vizinhos é parceiro do Departamento Penitenciário (Deppen) e já utiliza mão de obra de pessoas privadas de liberdade. Além da Prefeitura, a empresa Juliplast Reciclagem, conta com a mão de obra de três detentas em parceria com o Deppen, e a cada três dias trabalhados, elas reduzem um de pena.