A literatura e o cinema nos proporcionaram ao longo do século XX inúmeros exemplos de máquinas autônomas e inteligentes. A maioria, é verdade, com fins bélicos de subjugação da raça humana. No entanto, mesmo nas realidades distópicas mostradas nos livros e filmes, o fator humano sempre prevalece.

Os avanços tecnológicos dos últimos 30 anos, inicialmente, a partir da popularização dos microcomputadores pessoais e, particularmente, com o advento da internet e da construção de um mundo cada vez mais digital, têm provocado mudanças drásticas na rotina das pessoas e, consequentemente, na maneira com que elas se relacionam, seja na vida pessoal, em sociedade e no modo de consumir produtos e serviços.

Atento a essas mudanças, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) iniciou este mês a análise de programas de Inteligência Artificial (IA) existentes para implantação nas unidades do TJPR. Segundo o Presidente do Tribunal, Des. Adalberto Jorge Xisto Pereira, "no atual estágio da civilização, é preciso que a Inteligência Artificial também esteja presente nas rotinas diárias do Poder Judiciário, simplificando o trabalho de magistrados e servidores".

Para o Supervisor Geral de Tecnologia da Informação, Des. Marcelo Gobbo Dalla Déa, "em um país com 200 milhões de habitantes e 80 milhões de processos em trâmite, a tecnologia é instrumento indispensável. Ferramentas de IA são fundamentais para lidar com o estoque de demandas que tenham alto índice de repetição, como os feitos de execução fiscal. São matérias repletas de atividades repetitivas onde mecanismos de automatização baseados em IA serão de inestimável aceleração e consequente diminuição de inúmeros feitos".

Uma equipe do TJPR participou nos dias 21 e 22 de fevereiro, em Brasília, do Enastic Justiça 4.0: Seminário Inteligência Artificial, a Revolução no Setor Jurídico. Segundo o Chefe da Assessoria de Projetos Especiais da Presidência, Des. Noeval de Quadros, "o encontro reuniu o que está sendo feito em matéria de Inteligência Artificial no Judiciário brasileiro. Essa é uma das metas da atual administração do TJPR: avançar em IA, sem esquecer na outra ponta que juízes, servidores e auxiliares da Justiça não são máquinas, e precisam de qualidade de vida cada vez melhor no trabalho. Já temos excelentes iniciativas no Tribunal na área digital. Podemos avançar ainda mais, graças à alta capacidade dos servidores do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (DTIC)".

No momento, está sendo formado um grupo de trabalho, inicialmente com as pessoas que estiveram no Seminário, para avaliar o encontro, falar sobre os próximos passos em relação às novas tecnologias e ouvir outros segmentos da magistratura, para depois apresentar sugestões à cúpula diretiva.