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TJPR realiza palestra sobre o Dia da Consciência Negra


TJPR REALIZA PALESTRA SOBRE O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

O servidor Ébio Luiz Ribeiro Machado, do Tribunal de Justiça, e a jornalista Dulcinéia Novaes dividiram suas experiências de vida com a plateia

Na quarta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra, a Escola de Servidores da Justiça Estadual (ESEJE) e a Comissão Socioesportiva e Cultural (COSEC) organizaram um debate com dois profissionais sobre suas vivências como pessoas negras na sociedade. Os palestrantes foram o cientista social e servidor do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), Ébio Luiz Ribeiro Machado, e a jornalista Dulcinéia Novaes, da Rede Paranaense de Comunicação (RPC).

Ébio iniciou a discussão apresentando a informação de que, pela primeira vez, há mais negros nas universidades públicas do que brancos. No entanto, destacou o palestrante, estes ainda recebem, em média, 68% a mais do que os negros. O servidor também apresentou dados relacionados ao sistema prisional: os negros recebem penas mais severas que os brancos (analisando-se o cometimento dos mesmos crimes) e as pessoas negras têm 2,7 vezes mais chances de serem mortas do que pessoas brancas.

Duas notícias recentes foram expostas por ele: o caso de injúria racial que ocorreu em Goiânia contra um jogador do Paraná e a situação envolvendo a participante de um reality show que foi chamada de “macaco” por um integrante da equipe técnica do programa.

Ele relatou, ainda, a dificuldade em documentar na declaração de nascimento de seus próprios filhos a informação sobre a cor preta e finalizou sua fala citando a ativista norte-americana Angela Davis: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”.

Em seguida, a jornalista Dulcinéia Novaes, repórter da RPC (afiliada da Rede Globo no Paraná), iniciou sua apresentação com um questionamento aos participantes: ela perguntou se eles saberiam apontar ou lembrar com quantas pessoas negras dividiram a sala de aula. 

Formada em jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), a repórter começou sua carreira na Folha de Londrina em 1978; em 1981, passou a atuar também como repórter televisiva na RPC, onde está até hoje. Além de sua trajetória e de algumas reportagens importantes produzidas por ela para o Jornal Nacional e para o Globo Repórter, ela apresentou dados sobre a questão racial, como o fato de que apenas 30% dos cargos de liderança são ocupados por pessoas negras ou pardas em um país no qual essas etnias representam 54% da população.

A jornalista frisou que, mesmo com alguns direitos alcançados pela população negra, “o acesso hoje não é tão fácil quanto se pensa”. Ela também citou Angela Davis com a frase: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a sociedade se movimenta com ela”.

Ao final, os palestrantes abriram espaço para perguntas da plateia e, com isso, tiveram a oportunidade de abordar assuntos como racismo na infância, empoderamento e simbologia do movimento negro. A partir de suas experiências de vida, eles também explicaram o que é ser antirracista.