PROJETO DE INCLUSÃO DO TJ-PR SERÁ REPLICADO NO MATO GROSSO
Representantes do TJ-MT visitaram as instalações do Centro de Digitalização e conheceram os trabalhos desenvolvidos pelo projeto “Abraçar para Incluir”
“Visualizar a realidade do Centro de Digitalização do Paraná é algo impressionante”, foi essa a definição de uma das representantes do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT), a chefe de divisão Renata Tirapelle.
Renata complementou “o projeto é muito bonito, tanto no âmbito jurídico quanto no âmbito social. A repercussão vai além do aspecto profissional, pois ele tem uma repercussão social. Ele é muito bom”.
Em visita ao Paraná, na última quinta-feira (16/11), duas representantes do TJ-MT puderam entender o funcionamento do Centro de Digitalização do TJ-PR e, ainda, trocar experiências para a implantação do projeto de inclusão no Estado.
Elas contaram que conheceram as atividades desenvolvidas com as pessoas com deficiência no Paraná neste ano. “Descobrimos o projeto em uma matéria que visualizamos na internet”, destacou Karine Morais Giacomelli de Lima, coordenadora judiciária do TJ-MT.
“Na verdade, nós viemos conhecer a metodologia utilizada pelo TJ-PR no Centro de Digitalização, uma frente de trabalho inovadora que contempla a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. A nossa ideia é fazer a contratação de 26 profissionais com deficiência auditiva e vamos utilizar a mesma empresa que hoje atua em conjunto com o TJ-PR”, explicou Karine Morais Giacomelli de Lima.
Para a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão desta Corte, presidida pelo Desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, “essa interação entre Tribunais de Justiça do país é fundamental para o desenvolvimento amplificado das práticas inclusivas. Com a troca de experiências, com um intercâmbio de informações, ações qualitativas de acessibilidade emergem, se difundem coordenadamente, resultando em um ambiente propício à manifestação de todas as potencialidades”.
Produtividade
No Centro de Digitalização, um colaborador consegue escanear em média três mil páginas por dia. Eles trabalham com a virtualização dos recursos que são encaminhados para os Tribunais Superiores. Os processos são inseridos nos sistemas Projudi, e-STJ e PJe.
De acordo com Daniela Ribas Rocha, que supervisiona o Centro de Digitalização, a produção dos funcionários com deficiência costuma ser superior à dos outros. “A rapidez e a eficiência no desenvolvimento das atividades se deve ao alto grau de concentração desses colaboradores.”
Essa produtividade foi um dos fatores que chamou a atenção das representantes do TJ-MT. “Fiquei extremante impressionada com a questão da produtividade desses meninos e meninas. São pessoas muito focadas e comprometidas com as suas atividades, isso é impressionante”, pontuou Renata Tirapelle.
Implantação no TJ-MT
O Centro de Digitalização do TJ-MT deve iniciar os trabalhos no início de dezembro. O objetivo é escanear os processos físicos que sobem do 1º para o 2º Grau de Jurisdição. A intenção é inserir todos os processos no PJE.
“A gente não vai digitalizar o acervo, os processos que já tramitam no 2º Grau vão continuar no formato físico. O que vamos digitalizar são os novos que sobem para o 2º Grau. A nossa média é de aproximadamente 3 mil processos por mês distribuídos para a segunda instância”, afirmou Karine Morais Giacomelli de Lima.
As representantes do TJ-MT comentaram também que a intenção não é mais trabalhar com o formato híbrido (processos físicos e eletrônicos), e sim num sistema só. A ideia é unificar para aumentar a produtividade da Corte.
Conheça o projeto “Abraçar para Incluir”
Desde 2014, o Tribunal de Justiça do Paraná conta com a colaboração de pessoas com deficiência no trabalho de digitalização de processos judiciais. A iniciativa faz parte do “Projeto Abraçar para Incluir”, criado pela servidora Daniela Ribas Rocha, que supervisiona o Centro de Digitalização, em Curitiba. No local trabalham atualmente 68 pessoas.
Para garantir a efetividade e a continuidade do projeto, o Tribunal firmou uma parceria com a Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu), associação civil sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento profissional de pessoas com deficiência. Uma característica importante desse trabalho é a oportunidade que os colaboradores têm de estarem em um ambiente que promove a integração e a realização de uma atividade intelectiva. A cada duas semanas uma psicóloga da Unilehu realiza uma visita à unidade para garantir a efetividade do desenvolvimento profissional deles.