TJPR celebra um ano de existência do aplicativo A.DOT


TJPR celebra um ano de existência do aplicativo A.DOT
Evento no Tribunal de Justiça apresentou os resultados satisfatórios da ferramenta responsável por auxiliar no processo de adoção
Sáb, 01 jun 2019 00:08:33 +0000

Nesta terça-feira (28/5), foi realizado um evento no Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) para celebrar os bons resultados do primeiro ano de funcionamento do aplicativo A.DOT. Essa ferramenta tecnológica, pioneira no Brasil, dá visibilidade às crianças e aos adolescentes que não se encaixam no perfil mais procurado pelos pretendentes à adoção. O evento reuniu magistrados e representantes de entidades que atuam na área.

Um dos principais idealizadores do projeto, o Juiz Auxiliar Sérgio Luiz Kreuz, da Corregedoria-Geral da Justiça do TJPR, explicou que a ideia surgiu a partir de sua participação no XXII Encontro Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, realizado em Fortaleza (CE) em 2017. A partir daquele ano, ele reuniu representantes de grupos de apoio e entidades parceiras, como a agência BlaBlu e o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª região, que tornaram possível a criação e a efetividade do A.DOT. “Esse é o primeiro aplicativo de adoção do brasil, e talvez do mundo. Ele não foi feito para curiosos, mas para aqueles que já passaram por todo o processo de habilitação”, explicou.

A efetividade da tecnologia em favor da adoção

Desde a criação do A.DOT, quase 13 mil pessoas já fizeram o download da plataforma nas lojas de aplicativos de celulares. Desse total, em torno de 4 mil tiveram autorização para acessar as informações das crianças e dos adolescentes. Qualquer magistrado do Brasil pode encaminhar vídeos e fotos para inclusão no aplicativo e esse material é acessado pelos pretendentes à adoção autorizados a usar a plataforma.

Depois de um ano de criação, o A.DOT já está se expandindo para outros estados brasileiros, como Mato Grosso e Minas Gerais. Atualmente, 8 crianças e adolescentes já foram adotados pelo aplicativo, e outros 20 estão na fase de convivência com as famílias. “Essas adoções estavam praticamente inviabilizadas. Essas crianças não iriam mais ser adotadas”, explicou o Juiz Sérgio Kreuz.

A jornalista Adriana Milczevsky, presidente do Grupo de Apoio à Adoção de Curitiba, foi uma das pessoas responsáveis pela implantação do A.DOT. Ela afirmou que o objetivo do projeto é fazer com que não existam mais crianças e adolescentes em instituições de acolhimento, precisando de uma família. “Ninguém é alguém sem outro alguém. E o pai e a mãe são justamente aqueles que acolhem, que ensinam o que é certo e o que é errado”.

Tornar possível o que poderia ser impossível

Apesar de existir um número maior de pretendentes à adoção do que crianças e adolescentes à espera de uma família, boa parte delas não se encaixa no perfil pretendido e infelizmente acaba ficando muitos anos em acolhimento institucional. O Presidente do Conselho de Supervisão dos Juízos da Infância e da Juventude (CONSIJ-PR), Desembargador Fernando Wolff Bodziak, lembrou de alguns avanços verificados nos últimos anos nessa área, como uma Lei de 2009 que previu uma série de medidas para diminuir o tempo de acolhimento e aumentar o número de adoções. Ele também destacou o surgimento do apadrinhamento afetivo, a partir de 2017. Essa medida busca garantir que crianças e adolescentes formem vínculos afetivos com pessoas de fora da instituição de acolhimento.

O Presidente do CONSIJ-PR afirmou que o surgimento do A.DOT está alinhado a esses importantes avanços: “Este aplicativo veio preencher uma lacuna, como se fosse um instrumento para lapidar o Cadastro Nacional de Adoção. Ele serve como um instrumento muito valioso para humanizar a aproximação. O A.DOT está tornando possíveis adoções impossíveis”.

Para o Presidente do TJPR, Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira, essas iniciativas são um exemplo de como o Poder Judiciário deve atuar. “Não podemos ter uma visão tradicional de que existimos simplesmente para a pacificação social. Nós também temos como missão deixar as pessoas felizes e é isso que vocês estão fazendo”, afirmou o Desembargador Xisto ao parabenizar a equipe responsável pela criação do aplicativo, reconhecendo o sucesso no desenvolvimento das atividades.