Dia Nacional da Mulher.

30/04/2021

 

 

Livia Bacellar e Thaís Cancian são formadas em Design – Projeto Visual pela Universidade Positivo e elas criaram, voluntariamente, propostas para uma nova logo da CEVID.

Ambas sempre foram curiosas e procuravam aprender mais sobre a luta pelas causas das mulheres, acompanhando em redes sociais, filmes e séries sobre o assunto. Isso naturalmente levou à procura de um tema relacionado a mulheres para seu Trabalho de Conclusão de Curso.

Na entrevista a seguir, elas explicam como tiveram a ideia do trabalho e o processo de criação e elaboração.

Parabéns pela iniciativa e muito obrigada em nome da CEVID!

 

Livia Bacellar é formada em Design – Projeto Visual pela Universidade Positivo. Atualmente trabalha na marca Gianni Cocchieri, na parte de marketing da empresa. Livia tem afinidade com trabalhos em redes sociais e fotografia.

Thaís Cancian é formada em Design – Projeto Visual pela Universidade Positivo. Atualmente trabalha no Instituto de Direito Bacellar, na parte de marketing da instituição. Thaís se identifica com ilustração e design de superfície.

 

Lívia e Thais – Nós gostaríamos que vocês contassem como foi a escolha do tema acerca da violência contra a mulher, do empoderamento feminino e da informação, para a realização do trabalho de conclusão de curso de vocês?

Resposta: A ideia do nosso TCC partiu de um episódio da série Sex Education, da Netflix. Aimee, uma adolescente, passa por uma situação traumática em um ônibus, onde um homem a assedia em público. Desde então, Aimee passa a agir de maneira diferente de como era retratada, antes uma personagem alegre, agora reclusa. Com inúmeras tentativas, sem êxito, de entrar no ônibus, decide ir a pé todos os dias até a escola. No sétimo episódio, algumas meninas necessitam descobrir o que as une como mulheres, para saírem da detenção. Não obtendo sucesso de início, finalmente, percebem que o que as une, são experiências traumáticas com homens, principalmente com assédio. Este acontecimento, faz com que as meninas ajudem Aimee a vencer seu obstáculo, entrar no ônibus. A série sempre procura retratar acontecimentos reais e importantes da sociedade, este episódio em especial nos marcou, uma vez que, mulheres completamente diferentes, muitas que não eram nem próximas, compartilharam suas experiências em um momento de sororidade. A partir disso saiu a ideia inicial de nosso TCC: criar um local de pertencimento que ajudasse a informar mulheres.

 

Lívia e Thais – No aspecto técnico, que inclui cores, fontes e apresentação visual, dentre outros itens, o que vocês consideraram importante para a marca Ágata? Como foi a escolha do próprio nome da marca?

Resposta:  Como um requisito do projeto, o nome deveria ser leve sem explicitar o conteúdo contido nele. Dessa forma a usuária seria protegida de uma possível represália de seu abusador. A partir de uma enquete e dos pré-requisitos, se concluiu que o nome mais adequado para o projeto era Ágata. Além de ser de fácil memorização, o nome se mostrou multifacetado, repleto de nuances que complementam o serviço. Primeiramente, Ágata é uma pedra preciosa com função de fornecer força aos guerreiros para que fossem vitoriosos em suas batalhas. Além disso, são pedras protetoras que fornecem e simbolizam coragem, força emocional e autoconfiança. Em seguida, Ágata é um nome feminino. Essa característica é mais um ponto que ajudou a humanizar a marca. Os valores do projeto foram personificados, para ajudar a usuária a se identificar com ele de forma mais tangível. Ágata passaria a ser uma amiga, uma confidente e uma pessoa para se espelhar.

Além do nome, a identidade visual foi um aspecto importante pois deveria ser convidadora a mulheres, por isso ela foi feita para ser estável, feminina, arredonda, convidativa e simples.

Por fim a paleta de cor foi baseado no conceito do projeto. Para promover acolhimento e o calor do apoio entre mulheres, era desejável a utilização de cores quentes. Outro aspecto interessante era criar uma paleta que englobasse unidade visual, dessa forma a união entre as usuárias é representada até nos detalhes do serviço. Por fim, a versatilidade também cumpriu um papel essencial na sua procura, sendo assim, a busca de cores alegres, fortes e neutras foi importante.  As cores escolhidas para isso foram: rosa claro, coral, laranja, amarelo e bege.

 

Lívia e Thais – Vocês consultaram mulheres sobre a proposta do projeto antes de finalizar?

 Resposta: Sim, consultamos mulheres que passaram por situações de abuso desde o início do projeto. Realizamos um questionário online e a partir deste reunimos algumas mulheres que se sentiram confortáveis em compartilhar suas histórias. Ao final do TCC, realizamos também a validação dos desdobramentos da Ágata com usuárias. Consultá-las foi de extrema importância, pois facilitou a criação da tangibilidade do projeto.

 

Lívia e Thais – No que a CEVID contribuiu para a realização desse projeto?

Resposta: A Desembargadora e Coordenadora do CEVID, Priscilla Sá, foi stakeholder (pessoa que está de alguma forma, conectada ou interessada em um projeto) e convidada técnica em nossa banca. Dentro de nossa reunião, perguntamos a ela sobre o funcionamento do CEVID, suas realizações e como a questão da pandemia afetou a notificação de casos de violência doméstica no Paraná. Esta entrevista também ajudou a legitimar a necessidade da criação do projeto, algo que englobasse todas as mulheres, suas culturas e crenças.

 

Lívia e Thais – Como foi a avaliação da Banca de TCC?

Resposta: Foi ótima. Tivemos feedbacks muito positivos, tanto da convidada técnica quanto da relatora e de nossa orientadora. Convidadas as quais assistiram a banca ficaram emocionadas, e as que ainda não conheciam a Ágata, passaram a acompanhar nosso Instagram (@seja.agata).

 

Lívia e Thais – Agora vocês poderiam nos contar o que levaram em conta para idealizar as soluções da nova marca da CEVID?

Resposta: Algo muito importante foi que a marca deveria ser neutra, inclusiva e livre de julgamentos. Deveria transmitir segurança a toas as mulheres independentemente de classes sociais, esferas culturais, raças, orientações sexuais, religiões e opiniões políticas. Ela, também, teria que trazer o acolhimento, onde qualquer mulher que visse a marca se sentisse parte dela, a vontade para procurar ajuda. Com isso em mente a marca do CEVID foi feita com linhas simples que dão forma a uma caracterização minimalista das mulheres: sem corpos, faces ou cores especificas. O que fica palpável é apenas o sentimento de serenidade das figuras retratadas.

 

Lívia e Thais – O que mais marcou na idealização das marcas Ágata e CEVID?

Resposta: Com certeza foi trazer informações extremamente relevantes a todas as mulheres brasileiras. Informações que quase não são ditas em nosso dia a dia. Além disso, o projeto repercutiu de maneira positiva, com muitos feedbacks bacanas, e isso foi muito gratificante. Por fim, algo que marcou foi saber que de alguma maneira nós conseguimos ajudar alguma mulher em situação de violência.

 

Lívia e Thais – Que mensagem podemos deixar para as mulheres? Tanto as que sofrem violência quanto aquelas que conhecem mulheres nessa situação?

Resposta: Gostaríamos de deixar como mensagem o mais importante: você não está sozinha. Saiba que sempre existirão pessoas dispostas a te ajudar não importe a situação! Mesmo em tempos de pandemia, a central de atendimento a mulher (180) continua funcionando normalmente. Você merece valor, amor, carinho e liberdade e nunca duvide disso!