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Cápsula do tempo enterrada em Ponta Grossa guardava texto de juízes


CÁPSULA DO TEMPO ENTERRADA EM PONTA GROSSA GUARDAVA TEXTO DE JUÍZES

Documento, escrito em 1973 pelo desembargador aposentado Moacir Guimarães, fala do “fluir do tempo”, do equilíbrio e da paz social

Um documento assinado por juízes do Paraná foi encontrado em uma cápsula do tempo, enterrada há 50 anos em Ponta Grossa, no Paraná, na ocasião dos 150 anos da cidade. O texto foi redigido pelo desembargador aposentado Moacir Guimarães, de 85 anos, que na época era juiz da 1ª Vara Cível de Ponta Grossa. “Fui eu quem redigi o documento com muito cuidado para não melindrar ninguém porque era época da ditadura militar, era um momento difícil”, explicou o desembargador, que iniciou sua carreira na magistratura em 1964, um ano após se formar na Universidade Federal do Paraná.

O texto, escrito em 1973, afirma que o “substancial em uma sociedade organizada não é o fluir do tempo. Importa, realmente, a forma pela qual ele foi vivido e aproveitado”, e foi assinado pelos membros do Poder Judiciário de Ponta Grossa com dedicatória para os “seus sucessores do ano de dois mil e vinte e três”. Além do desembargador Moacir Guimarães, também assinaram o documento o desembargador Tadeu Marino Loyola Costa, que era juiz da 2ª Vara Cível em 1973 e que foi presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), ele morreu em 2021, aos 82 anos; pelo desembargador Ronaldt Grollmann que na época era juiz da Vara Criminal, falecido em 2006; e pelos juízes Heitor Pinheiro Lima Filho, falecido em 2011, aos 81 anos, e José Virgílio Castelo Branco Rocha Filho, de 79 anos, que é um dos fundadores da Academia Paranaense de Letras Jurídicas.

 

A passagem do tempo

No documento, os juízes afirmam que “nós, magistrados, promotores e advogados, por formação intelectual, somos os detentores da ciência dos fenômenos sociais. Em nossas mãos está o dever de ontem, hoje e amanhã, velar pelo equilíbrio e paz social”. “Nossa intenção era falar sobre a passagem do tempo, que nós fomos a semente da jurisdição atual de Ponta Grossa, que hoje é grande, anunciando um processo de evolução de forma prazerosa como experiência para o futuro”, afirmou o desembargador Moacir Guimarães, que finalizou o texto pedindo um esforço de toda a sociedade para que “o avanço material encontre paralelo com a evolução da sociedade humana para suas finalidades permanentes, sem que a tecnologia, contrariando a natureza supere a ciência social, porquanto máquina é, e sempre será”.

Na cápsula do tempo, uma caixa inoxidável selada, estavam também outros documentos, como fotos, cartas, jornais da época e até um adesivo sobre o uso do cinto de segurança nos carros. A caixa foi enterrada no Monumento do Sesquicentenário, na Praça Floriano Peixoto, em Ponta Grossa, e foi aberta durante as comemorações dos 200 anos da cidade, no último dia 8 de setembro de 2023, com a presença de diversas autoridades, como a juíza Noeli Salete Tavares Reback. “A abertura da cápsula foi uma as solenidades mais emocionantes, a comunidade pode ver e ler a história daquela época. Ficamos felizes em receber uma mensagem de tantos anos, com essa carta dos magistrados que trabalharam na época, dedicada aos juízes atuais. Eles tinham seus anseios em relação ao judiciário e ao futuro e nós, os juízes de agora, estamos nos preparando para escrevermos uma carta que será colocada na nova cápsula do tempo que será aberta em 2073”, anunciou a juíza.

Entre as diversas correspondências, foi encontrada também uma carta do prefeito na época, Luiz Gonzaga Pinto, para o prefeito de 2023, no caso a prefeita Elizabeth Schmidt, contando a história da cidade. O conteúdo será, agora, exposto no Museu Municipal Aristides Spósito, que vai funcionar na Mansão Vila Hilda, a partir do dia 12 de setembro.