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Garçons dos Tribunais


GARÇONS DOS TRIBUNAIS

Por Robson Marques Cury

Os Tribunais de Justiça e Alçada, assim como os Fóruns, contaram em seus quadros com servidores para prestação de serviços de copa, inicialmente contratados, depois concursados e, atualmente, terceirizados. 

Ao longo dos anos, têm se sucedido gerações desses dedicados servidores, indispensáveis nos gabinetes e cartórios – atualmente denominados secretarias quando privatizados –, bem como nas salas de audiências e de sessões, no seu afã de servir café e água. 

Nos prédios dos fóruns, o juiz diretor do fórum presidia o concurso para zelador, na maioria das vezes, com candidatas do sexo feminino. Ao aprovado em primeiro lugar, incumbia, além dos serviços gerais de limpeza, preparar o indispensável café, cujos insumos básicos geralmente eram custeados pelos magistrados, em tempos pretéritos, na ausência de verba específica, até a introdução do fundo rotativo.  

Eu presidi concurso como juiz diretor do fórum da comarca de entrância inicial de Cerro Azul no ano de 1979, logrando aprovação Maria Ismênia, que passou a residir com sua família na casa situada nos fundos do centenário prédio do Fórum com divisa nos fundos para o Rio Ponta Grossa. Mesma situação ocorreu no fórum da comarca de Toledo, edificado em 1954 no centro da cidade pelo Governador Moisés Lupion, quando presidi, em 1984, concurso para zelador. 

No Tribunal de Alçada, diversos garçons exerceram essa importante atividade, destacando-se o Mauro “Bigode,” o Ademar de Barros e o José, inicialmente no Palácio da Justiça e depois na sede Mauá, também muito eficientes, prestativos e queridos por todos. Recordo que, nas horas ociosas, tinham por costume jogar partidas de dominó, até que um presidente acabou com essa diversão. E o que eles fizeram? Voltaram a ler jornal enquanto aguardavam o chamado para servir café e água. 

O primeiro garçom contratado por empresa terceirizada que se destacou no seu mister foi o Luiz Gonzaga Pereira da Silva, atuando nas copas das antessalas das sessões dos 1º e 12º andares do prédio anexo ao Palácio da Justiça, no início do ano de 2010. Logo obteve a simpatia de todos pela sua educação e responsabilidade no desempenho de suas funções. 

Contando a sua história, escrevi o texto: “O garçom que estudou Direito”: 

“... Apesar de avançado nos anos (nascido em 1964), manifestava vivo interesse em estudar o curso de Direito, e diante da sua firme resolução nesse sentido, cotizaram-se os desembargadores Loyola, Nicolau, Macedo Pacheco, Clayton Camargo, Telmo Cherem e os Juízes de Direito Substitutos em Segundo Grau Marcel Macedo, Naor Macedo, Denise Antunes e Benjamin Acacio, para custear as mensalidades da faculdade. 

Um novo mundo abriu-se para Luiz, ao estudar à noite, voltando a frequentar os bancos escolares após décadas, paralelamente ao seu trabalho em tempo integral na copa, e arrostando imensas dificuldades, viúvo e criando dois filhos, persistiu e perseverou, obtendo aprovação no primeiro semestre do curso. 

Ao assumir o cargo de Corregedor da Justiça em 2015, ofereci-lhe cargo de comissão no gabinete para que, além de trabalhar, pudesse estudar Direito em tempo integral e custear suas despesas, e pudesse agradecer a vital ajuda até então percebida. Ao deixar a Corregedoria, em 2017, mantive-o em cargo de comissão no meu gabinete de desembargador, e os estudos prosseguiram, inclusive na área da informática, sem prejuízo da sua atuação nos trabalhos elementares do gabinete. 

No início, não foram poucos os que duvidaram da continuidade do projeto do Luiz, cujo objetivo foi integralmente atingido, mercê dos seus esforços, dedicação e ingentes sacrifícios. 

Obteve a aprovação pela banca examinadora do seu trabalho de conclusão de curso e colou grau de Bacharel em Direito no mês de julho de 2019. Intitulou o TCC de “A Adoção Tardia – uma nova perspectiva do adotando no contexto familiar com base no aplicativo ADOT”. Tema atual e palpitante, inclusive objeto de julgamento de recurso por este relator na 12ª câmara cível. 

A sua filha, Maria Luiza, comovida e orgulhosa, declarou nas redes sociais: ‘Esse da foto é o meu pai. Ele chegou em Curitiba sem um puto no bolso e ontem apresentou o seu TCC de Direito. Ele fez a prova da OAB sem estudar e tirou uma ótima pontuação pra quem ainda estava para se formar. Ele passou fome, cuidou de duas crianças sozinho quando minha mãe morreu, ele quis abandonar tudo e desistir da vida, mas ele persistiu, vocês não têm ideia do tamanho do meu orgulho, sendo a única filha mulher e presenciar toda a sua dedicação e força. Negro, pai sozinho, enfrentou a depressão, formando-se em Direito, pra quem achou que ia dar errado e que ele abandonaria tudo, tá bom pra você. Eu não seria 1% do que eu sou se não fosse por ele!!!! Te amo demais, pai.’ 

E a vida continua. Os estudos também. Agora Luiz tem como meta prosseguir nos estudos de Direito, realizando cursos de especialização e mestrado. Convidado pelo Corregedor da Justiça Luiz Cezar Nicolau, deixou o meu gabinete e passou a compor a sua assessoria”. (CURY, Robson Marques. A História do Poder Judiciário Paranaense. v. 1. Curitiba: Vitória Gráfica & Editora, 2022, p. 357-358). 

Sim, a roda da vida continua girando. Deixando as funções no tribunal, para fazer frente às despesas financeiras da família, com a filha contraindo matrimônio, retornou às funções de garçom, devido à melhor remuneração. Superado esse impasse, sem esmorecer, volta a procurar colocação em cargo jurídico, porque desistir dos seus sonhos o Luiz Gonzaga nunca desistirá. 

Uniformes dos Garçons. 

Eram confeccionados por alfaiates, sendo: camisa branca, colete bordô, cinza ou caramelo, gravata borboleta em cores pretas, calças pretas, paletós em cores bordô, cinza e caramelo. 

As alfaiatarias que confeccionavam os trajes eram: Alfaiataria Joquei, Alfaiataria Verdi, Davi Alta Costura e Romon Alta Costura. 

Relembrando o nome dos servidores que prestaram relevantes serviços, entre os anos de 1970 até 2004: 

- EDNO DA ROCHA 

- IRINEU WLODARCZYK (Supervisor de copa) 

- NOEL RODRIGUES VAZ  

- JOSE CARLOS VAZ  

- EDUARDO GOMES DA SILVA  

- GILBERTO MOURA  

- LAIR BARCIK DO NASCIMENTO  

- LUIS DO NASCIMENTO DA SILVA  

- LUIS CARLOS DE OLIVEIRA  

- MARILDO ZADOROSNY  

- SHIRLEI DE JESUS ALVES DE PAULA  

- ROSE MARI GAIDA  

- BROMILDA MARIA CANICA  

- JOSE MESSIAS  

- JOSE RAUL VEIGA LOURENCO  

- JOAO KRUGER NETO  

- DALUZ APARECIDA SARTORI  

- JUSSARA MATHEUS DOS SANTOS  

- FILOMENA KOHUT STADLER 

- LEIDI CLAUDIA IMOSKI SOARES  

- GEZIA NOGUEIRA DA SILVA  

- MARIA APARECIDA FIALLA  

- JOSE MESSIAS  

- ANTONIO LEMES DA COSTA  

- IVANA DE SOUZA AMERICO COELHO  

- LAURITA GOMES MACHADO  

- JOSIEL DE FREITAS  

- VERA DE FATIMA FABRICIO  

- CLARA IFIGENIA ANTONIO 

- INECIA LUIZA DA SILVA  

- LIZABEL BARCIK  

- MARIA APARECIDA FIALLA  

- MARILDA DE OLIVEIRA MICHETTI  

- NILVA MARIA HILGEMBERG LASCOSKI  

- VALMIRA LINHARES MICHAK  

- SANDRA REGINA GUIMARÃES 

- CLÉIA REGINA TULIO 

- MARIA NINITA DE MATOS 

- IRACEMA ROSA DE OLIVEIRA  

- JOAO LUIZ NEVES DE LARA  

- MELANIA ANDREOLA VIEIRA  

- ADEMAR DE BARROS 

- MARCIO ZADOROSNY 

-  OTILIA DE ALMEIDA FERREIRA 

- SOFIA CIDRAL MOREIRA 

- DULCILIA DE MATOS COUTO  

-  GIL DAQUINO DA FONSECA 

- SURAMA DA SILVA GHARIB  

- JOAO CARLOS SCHEREMETTA MAIA 

- RITA ALVES DE LIMA  

- MARILDA DE OLIVEIRA MICHETTI 

- LUSIA APARECIDA BERNARDES LEITE  

- MAURICIO TOSCANI 

- MARCELO FERREIRA 

- EVELIZE MAZANEK SOUZA 

- SILVENEI DE CAMPOS  

- ERCILIA GONCALVES SAMPAIO 

- JOSE MARIA FIORI 

- MARIO DILAY 

- HAMILTON DE OLIVEIRA MAFUZE 

- JOSE PIEKARSKI JUNIOR 

- APOLONIA MAJESKI 

- JOVINA ALVES DA SILVA 

- ANTONIO VEIGA LOURENÇO 

- JUSSARA MATHEUS DOS SANTOS 

Chefiaram as copas, entre os anos de 1970 até 2005: 

Teófilo Savoia, José Piekarski, Luiz Rosaldo Trevisan, Leomir José de Faria,  Jorge Mariano Lipka, Edno Rocha, Irineu  Wlodarczyk e Leliane. 

Atendiam os memoráveis chás beneficentes que eram oferecidos pelas senhoras dos excelentíssimos desembargadores, senhoras dos Juízes do extinto Tribunal de Alçada e senhoras da sociedade curitibana.  

Eram convidadas figuras ilustres, esposas de autoridades do Estado do Paraná, juízas, desembargadoras, professoras universitárias, escritoras, músicos, pintoras, escultoras e cidadãs de relevância da sociedade paranaense para participarem deste evento por adesão. 

Eram chamados para os grandes eventos do Tribunal Justiça do Estado do Paraná (TJPR), a fim de colaborarem no atendimento dos convidados. 

O TJPR sempre recebeu visitas ilustres de vários países, que vinham acompanhadas de sua equipe de cerimonial e Oficiais da Casa Militar, embaixadores, dignatários e autoridades dos diversos escalões da república, todos recepcionados com a bebida tradicional de origem paranaense, o Chá Mate batido com limão, servido pelos garçons. 

Nomes que a divisão recebeu: 

SERVIÇO DE MORDOMIA 

DIVISÃO DE COPA 

DIVISÃO DE ATENDIMENTO DE COPA 

DIVISÃO DE SERVIÇOS DE COPA 

DIVISÃO DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO (atual) 

As empresas terceirizadas vencedoras dos contratos desde 2008 foram: Orbenk Administração e Serviços Ltda., Centrallimp Limpeza e Serviços Ltda., Planservice Terceirização de Serviços Ltda. e Higi Serv Limpeza e Conservação. 

O copeiro Omar Ahmad Gebara, contratado por todas essas empresas, tem prestado inestimáveis serviços, inclusive permanecendo até o término das sessões quando se prolongam até 21h/22h. Nas salas de sessões do 1º andar do anexo, é auxiliado pelos copeiros Guilherme Novosad Wilfer, Dani Gaston, Amanda Chesler da Silva e Gabriel Castilho de Lara. 

A equipe da divisão era responsável por atender o Chá das Senhoras, que era realizado em prol do Centro de Educação Maria José Coutinho de Camargo. 

Em certa ocasião, após a realização do jantar em comemoração ao Dia da Justiça no Clube Curitibano, os servidores da Divisão de Atendimento Copa que colaboraram com o evento foram agraciados pelo então Presidente Desembargador Oto Luiz Sponholz e pela primeira-dama, Lucia Helena, com jantar na churrascaria Devon’s. 

(Colaboraram no resgate dos nomes desses profissionais os servidores Irineu Wlodardzyk, Marcio Zendron, Filomena  Kohut Stadler e Marildo Zadorosny).