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Notícias parciais desinformam a opinião pública

 

*Miguel Kfouri Neto

        Jornalistas de diversos veículos – jornal, rádio, TV, blogs, portais – têm demonstrado, nesses últimos dias, viva e candente indignação. Isto porque – inominável heresia! – o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná determinou a realização de pregão eletrônico, para a aquisição de cinco camionetas "de luxo", para transporte de equipes da Corregedoria e da presidência, nas constantes viagens ao Interior do Estado.

        "O Judiciário do Paraná tem outras prioridades", vocifera um; "vejam só o carro que eles querem, tem até GPS e som digital", brada outro, apoplético; "o freio é ABS e o câmbio é automático", grita o colérico comentarista, à beira de um ataque de nervos. E aí por diante. Itens de fábrica, para carros desse modelo, aptos a transportar sete passageiros, transformam-se em opcionais desprezíveis, luxo só, na visão dos rigorosos censores. "Deveriam, comprar carro de menor valor", fustigam. Berra, ensandecida, a apresentadora: "É dinheiro do contribuinte, é o meu, o seu dinheiro, telespectador!"  

        A julgar pela quantidade de tempo e tinta gastos com os irados comentários, tem-se a impressão de que o noticiário anda meio pobre, aqui pela terra das araucárias...

        A empresa vencedora indicou valor unitário de R$173.990,00 para o fornecimento dos veículos – quase oitocentos e setenta mil reais, no total.

        Estamos construindo, hoje, no Paraná, vinte e seis prédios, a quase totalidade destinada a abrigar fóruns, no Interior. Alguns deles estavam quase desabando. São 243 milhões de reais em obras. Com os 91 milhões pagos pela desapropriação do prédio da Rua Mauá, em Curitiba, de 31.000m2, são mais de 330 milhões em edificações novas.

        Nesses vinte meses de gestão, foram criados quase 150 cargos de juiz de direito. Despesa anual aproximada, de 45 milhões de reais.

        Foram instaladas 76 Varas Judiciais e Comarcas (3). Contratados quase 1.200 assessores para os magistrados, em todo o Paraná. Nomeados perto de 700 servidores – para aumentar a produtividade, acelerar o andamento dos processos, melhorar a qualidade dos serviços prestados à população. Criados 80 cargos de analista de sistemas e técnicos de computador. Nomeados 75 analistas de nível superior – assistentes sociais, psicólogos, pedagogos – para as equipes técnicas de Família, Infância e Juventude. Calculem os iluminados jornalistas o montante dessas despesas: por baixo, mais de 85 milhões por ano. Só com estagiários, cerca de 2.800 – aí incluídos os de pós-graduação – acrescentem-se 25 milhões de reais.

        E isso ainda é pouco: milhares de computadores, impressoras, mobiliário, materiais diversos.  Assim, nesse cálculo aligeirado, atingimos quase 500 milhões de reais, investidos na ampla modernização do Judiciário paranaense.

        As tais camionetas representam, pois, algo ao redor de 0,16% desses investimentos.

        E foram adquiridas para transportar, com segurança, magistrados e servidores, cujas vidas, para a direção do TJ, não têm preço.

        Com a venda da nossa folha de pagamento à Caixa Econômica Federal, auferimos 21 milhões de reais. Receita para o FUNREJUS. Portanto, não se despenderá dinheiro do contribuinte. 

        Segunda-feira passada, dia 1.º/10, inauguramos o Fórum da CIC, que atenderá população estimada em 240 mil pessoas. Silêncio quase total nesses órgãos sensacionalistas. Estava lá, apenas, competente equipe da TV Educativa. Nos jornaisdias antes, mísera notinha em página interna. Depois, absolutamente nada – nem uma fotografiazinha três por quatro, para mostrar como ficou bonito e funcional aquele fórum descentralizado.

        Será que os jornalistas noticiarão, semana que vem (dia 09/10, às 17h), a inauguração do Fórum da Família, Infância e Juventude, na Rua da Glória? Prédio novo, mais de 8.000m2, que acolherá condignamente os cidadãos curitibanos, advogados, promotores, servidores e juízes. Pelo andar da carruagem, melhor não nutrir muita esperança...

        Tem-se a impressão de que o objetivo único é desinformar a população, despertar rancores, distorcer, ironizar, menoscabar. Informação boa, ao que tudo indica, é a negativa. Jornalista competente é aquele que espiolha o lado negativo – e faz com que a opinião pública, reduzida à expressão simplória de massa de manobra – expresse opiniões equivocadas, na mais densa e santa ignorância.

        Ninguém pretende unanimidade. O direito à crítica é inalienável. Mas ao menos, forneçam ao  leitor dados completos. Por favor, não fragmentem a realidade, agindo com parcialidade.

        Peço-lhes, uma vez mais: façam justiça ao Judiciário do Paraná!

 

                                                                                   * Desembargador e presidente    do Tribunal de Justiça do Paraná (gestão 2011-2012).