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Em 2015 na Comarca de Londrina, havia cerca de 100 crianças e adolescentes acolhidos em instituições (medida extraordinária a ser adotada frente a circunstâncias de violação dos direitos de crianças e adolescentes), sendo que aproximadamente 60 deles se encontravam com processos de destituição do poder familiar concluídos e com perfil de difícil colocação em família substituta na modalidade de adoção.

Diante dessa situação a Juíza da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Londrina, Camila Tereza Gutzlaff, idealizou o projeto "Abrace um Futuro" com o objetivo de proporcionar a crianças e adolescentes acolhidos institucionalmente experiências de dignidade, de pertencimento a uma comunidade e de convivência familiar por meio da interação com voluntários “padrinhos” e “madrinhas”.

O projeto foi lançado em outubro de 2015 e seu desenvolvimento se dá por meio de parceria estabelecida entre as instituições de acolhimento da Comarca de Londrina, a Gerência de Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Assistência Social de Londrina, a Secretaria Municipal de Assistência Social de Tamarana, a Vara da Infância e Juventude da Comarca de Londrina (VIJ) e o Núcleo de Apoio Especializado à Criança e ao Adolescente da Comarca de Londrina (NAE). Cada parceiro envolvido indicou um profissional de referência para o projeto de apadrinhamento, a fim de que a interlocução entre os entes envolvidos seja favorecida.

As pessoas ou instituições interessadas em apadrinhar crianças e adolescentes passam por cadastro, seleção e orientação especializada e elegem ações a serem desenvolvidas dentre as modalidades de apadrinhamento afetivo, de serviços, material e de estágio de aprendizagem.

Resultados

Desde sua implantação, os resultados do projeto têm sido significativos. Vale registrar as experiências exitosas de apadrinhamentos afetivos também com adolescentes acolhidos, favorecendo vínculos e vivências relacionais significativas.

Além disso, oportunidades concretas de estágio, aprendizagem e oficinas de cultura, esporte e lazer foram expandidas pelas parcerias do projeto com empresas, instituições de ensino superior e associações comerciais. Cursos e atividades dos acolhidos foram custeados por padrinhos/madrinhas que optaram pelo apoio material, assim como roupas, calçados, móveis e outros bens foram destinados às entidades que realizam o acolhimento de crianças e adolescentes.

Outro avanço importante do projeto foi na área do “apadrinhamento de serviços”. Mais de 20 profissionais voluntários foram cadastrados nesta modalidade, possibilitando o atendimento de crianças e adolescentes acolhidos em áreas especializadas tais como Psicologia clínica, Psicopedagogia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Oftalmologia e Odontologia. Vale o destaque para o fato de que o atendimento à saúde das crianças e adolescentes acolhidos em Londrina ganhou ainda mais força com a parceria que o projeto desenvolveu com a Unimed Londrina, que desde março deste ano realiza exames, consultas e procedimentos médicos gratuitamente para este público específico.

Como ajudar?

Existem quatro modalidades de apadrinhamento: o afetivo, o de serviços, o material e o de estágio e aprendizagem.

Apadrinhamento Afetivo

- Destinar um tempo para estar com seu afilhado;

- Realizar passeios (parques, atividades culturais, esportivas e outras opções de lazer);

- Levar seu afilhado para passar alguns momentos com sua família;

- Visitas sistemáticas e periódicas na instituição de acolhimento.

Trabalho Voluntário:

- Profissionais liberais de diversas áreas como professores, dentistas, médicos, nutricionistas, psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, profissionais de educação física e outros podem colaborar. O trabalho será realizado de acordo com a disponibilidade do voluntário, podendo, inclusive, ocorrer em seu local de trabalho.

Doação de Materiais:

- Contribuir com mobília, calçados, roupas, materiais de construção, alimentos, brinquedos, materiais escolares, livros, entre outros.

Custeio de Atividades e Concessão de Bolsas:

- Oferecer às crianças e adolescentes o custeio de atividades, como aulas/escolinha de futebol e demais esportes, de música, instrumentos, idiomas, informática, dança e outros.

- Disponibilizar bolsas de estudo em escolas particulares ou em cursos profissionalizantes.

Disponibilizar vaga de estágio e aprendizagem:

- Oferecer vagas de estágio ou aprendizagem para um de nossos adolescentes, dentro dos critérios legais.

Projeto Premiado

O projeto recebeu o prêmio JUS XXI - Inovação e Cidadania concedido pela Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) e pelo Núcleo de Direitos do Cidadão do Tribunal de Justiça do Paraná (Nucid) em setembro de 2016. Foram contemplados com troféus as magistradas e magistrados atuantes no Paraná que desenvolvem práticas relacionadas à política judiciária de cidadania.