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Presos da Penitenciária de Piraquara fazem uniformes para o Complexo Médico Penal


PRESOS DA PENITENCIÁRIA DE PIRAQUARA FAZEM UNIFORMES PARA O COMPLEXO MÉDICO PENAL

O projeto ajuda os presos que mais precisam e ainda colabora com a remição da pena dos que trabalham

A Penitenciária Central do Estado – Unidade de Progressão (PCE-UP), em Piraquara, e o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, abraçam em conjunto, neste inverno, um projeto solidário do Conselho da Comunidade da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba. O órgão doou 550 quilos de tecido, linhas de costura e acabamento para a confecção de cerca de 400 uniformes peluciados completos (moletom e calça) para os presos que respondem a alguma medida de segurança das galerias 1 e 2 do CMP e que já não contam com apoio da família.

Os internos da unidade modelo, em Piraquara, onde cerca de 180 presos trabalham e estudam em tempo integral, estão confeccionando os uniformes há três semanas. O lote das calças já está completamente pronto e as primeiras entregas devem ocorrer até o fim dessa semana. Os retalhos que sobraram virarão cobertores para o sistema penitenciário paranaense.

Para os custodiados da PCE-UP, que estão sendo trabalhados de maneira inédita para a progressão de regime, o projeto oferece uma mão estendida aos presos que mais necessitam dessa ajuda, e ainda colabora com a oferta de trabalho que leva à remição da pena (três dias de trabalho descontam um dia de prisão). “Olha só, é isso mesmo? Que legal!”, disse um costureiro da PCE-UP ao tomar conhecimento do destino das peças, no começo da semana passada. Em torno de dez internos estão envolvidos no projeto.

Ajuda mútua

Do outro lado da moeda, os presos que receberão as peças respondem a medidas de segurança – a maioria com alguma disfunção mental. Eles não recebem apoio da família ou de amigos, principalmente nos dias de visita e com as sacolas (alimentos e roupas que são entregues pelos familiares).

“Eu os chamo carinhosamente de louquinhos desde que comecei a entrar no sistema. Eles precisam de cuidados especiais. Alguns fazem as necessidades na cama, nas próprias roupas, são doentes. Nos últimos invernos nós enviamos roupas usadas para o CMP, mas desta vez tivemos a ideia de comprar um tecido mais quente e de levar o sentimento de solidariedade para todo o sistema”, afirma Isabel Kugler Mendes, presidente do Conselho da Comunidade e idealizadora do projeto.

Em junho, um mutirão carcerário liderado pelo juiz Moacir Dala Costa constatou os problemas e as carências do CMP. Após três dias, o Poder Judiciário (em conjunto com a Defensoria Pública e o Ministério Público) concedeu 104 benefícios aos internos, a maioria mediante levantamento da medida de segurança e/ou conversão em tratamento ambulatorial a fim de que eles possam cumprir o remanescente da medida na Comarca onde residem perto de seus familiares. O CMP é o único local do estado que atende presos com algum tipo de distúrbio.

De acordo com o panorama desenhado pelo magistrado, há mais de 100 presos provisórios na unidade, inclusive um homem de 80 anos que foi detido em sua casa com 81,7 gramas de maconha e um revólver calibre 38. Ele está com câncer de laringe e se alimenta com extrema dificuldade. Outro doente foi preso por colocar fogo na própria casa.

O Depen, subpasta da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná que trabalha com a execução penal, apoiou de forma irrestrita o projeto.

Fonte: Conselho da Comunidade CWB.