“LUME: Lugar de Memória” vai realizar formação de professores da rede pública

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“LUME: LUGAR DE MEMÓRIA” VAI REALIZAR FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA REDE PÚBLICA

Espaço de preservação da memória paranaense no Centro Judiciário do Ahú promove educação aos direitos humanos

O “LUME: Lugar de Memória”, espaço de preservação da memória paranaense sobre os anos da ditadura civil-militar no Brasil, vai começar a realizar programas de formação pedagógica para professores da rede pública do estado. O projeto-piloto será realizado no Colégio Estadual do Paraná (CEP), em Curitiba, e será estendido para outras escolas da capital e em todo o estado. O espaço, reinaugurado em dezembro de 2022, fica no Centro Judiciário do Ahú, é aberto ao público e é mantido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), pelo Comitê Estadual de Memória, Verdade e Justiça (CEMVEJ-PR) e pela Secretaria do Estado de Justiça e Cidadania (SEJUF), com apoio do Ministério Público do Paraná (MPPR).

“Nosso principal objetivo é promover a educação e os direitos humanos a partir das memórias sensíveis e difíceis dos períodos de governos autoritários em que, em nome do Estado, foram praticados crimes violentos como as torturas físicas e psicológicas”, explica Claudia Hoffmann, historiadora do MPPR e coordenadora do LUME. A escolha da ex-penitenciária do Ahú como sede do espaço segue a linha do conceito originário da França de lieu de mémoire (lugar de memória), um lugar criado para recordar fatos históricos importantes e que também foi parte da história.  

O LUME promove discussões sobre as violações de direitos humanos através de exposições, eventos, pesquisas, formações, debates, grupos de estudos, palestras com pesquisadores, museólogos e coordenadores de outros lugares de memória. “A proposta é ser um espaço que trata de patrimônios difíceis, como as memórias de ex-presos políticos do Paraná”, afirma Cláudia Hoffmann, que é também doutoranda em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O LUME é resultado de um processo que se inicia com o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, que criou, em 2012, a Comissão Estadual da Verdade do Paraná – Teresa Urban, pela Lei Estadual nº 17.362/2012, por indicação da Comissão Nacional da Verdade, a qual investigou as violações de direitos humanos durante a ditatura civil-militar no Brasil entre 1964 e 1985. Entre 2012 e 2017, a Comissão paranaense realizou investigações e audiências para coleta de testemunhas, informações, dados e documentos, ouvindo também militantes e ex-presos políticos. Foi publicado um relatório de dois volumes que se tornaram fontes históricas para pesquisas sobre educação para a democracia com a criação de sete grupos de trabalho: Ditadura, Sistemas de Justiça e Repressão; Graves Violações de Direitos Humanos; Graves Violações de Direitos Humanos no Campo; Graves Violações de Direitos Humanos contra Povos Indígenas; Segurança Pública e Militarização; Partidos Políticos, Sindicatos e Ditadura e Operação Condor.

A historiadora, doutora em História (UFPR) e secretária-executiva do LUME, Flávia da Rosa Melo, recebe os visitantes do LUME exibindo uma exposição que conta as diversas violações de direitos no Paraná, casos de magistrados que foram perseguidos durante a ditadura, como o juiz Aldo Fernandes, agressões aos povos indígenas e moradores de zonas rurais ou professores que foram afastados dos seus trabalhos. Stella Castanharo, doutoranda em História (UFPR), está refazendo a cartografia urbana de Curitiba identificando os lugares de memória ligados ao período da ditadura, como o Shopping Curitiba, que foi uma unidade do Exército, e a Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), onde hoje funciona um restaurante.

O resgate da memória do período pelo LUME está sendo realizado com a parceria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). O LUME faz parte da Rede Brasileira de Lugares de Memória (Rebralume) e está em processo de inserção na Rede de Lugares de Memória de América Latina e Caribe (Reslac). Esse espaço também se tornou referência para os diversos lugares de memória do interior do Paraná, como o que lembra as violações de direitos humanos na desapropriação de terrenos para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu.

Nos últimos meses, o LUME recebeu a visita do Ministério Público Federal, de professores da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro, e de representantes do Memorial da Resistência de São Paulo. “A memória é um dever e um direito do cidadão”, afirma a coordenadora do LUME, Claudia Hoffmann, que vai organizar também um curso para os servidores do Centro Judiciário do Ahú para que conheçam a história do local onde trabalham.

Saiba mais sobre o LUME em: http://www.lumelugardememoria.com/ e siga no Instagram em @lumecuritiba

Saiba mais sobre a Rebralume em: https://www.nucleomemoria.com.br/  

Saiba mais sobre a Reslac em: https://sitiosdememoria.org/pt/