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A Família Albuquerque de Maranhão no Ministério Público e Judiciário paranaenses


A FAMÍLIA ALBUQUERQUE DE MARANHÃO NO MINISTÉRIO PÚBLICO E JUDICIÁRIO PARANAENSES

Por Desembargador Robson Marques Cury

A AMAPAR realiza nesta sexta-feira (26/10) mesa redonda sobre a biografia de Jeronimo de Albuquerque Maranhão, primeiro comandante naval do Brasil (1548-1618) e conquistador do Maranhão.

Participarão do evento a Professora Maria de Lourdes Lauand Lracoix, da Faculdade de História da Universidade Federal do Maranhão, que escreveu a obra “Jeronimo de Albuquerque Maranhão: guerra e fundação no Brasil colonial”; e Paulo Fernando de Albuquerque Maranhão, membro do Colégio Brasileiro de Genealogia e correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

História

Os primeiros descendentes de Jeronimo de Albuquerque de Maranhão chegaram ao Paraná no início do século 20. Integrante da décima primeira geração de descendência do famoso mameluco, o ex-membro do Ministério Público estadual e atual Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná Clayton de Albuquerque Maranhão explica que Jeronimo de Albuquerque foi líder junto à comunidade indígena e lutou em defesa de São Luís do Maranhão. Ele acrescentou o agnome “Maranhão” para perpetuar esse fato histórico ente os seus descendentes, como relata Sérgio Buarque de Holanda no volume um da obra “História da Civilização Brasileira”.

Filho do  português Jeronimo de Albuquerque com a índia Muira Ubi, depois batizada Maria do Espírito Santo Arco Verde, o primeiro-comandante naval brasileiro nasceu em Olinda (PE) em 1548. Ele era sobrinho do primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, e recebeu de Gaspar de Souza, Governador Geral do Brasil, as missões e ordens de El Rei de Portugal. Dentre elas, a defesa da ilha de São Luís do Maranhão, então ocupada pelos invasores franceses, originando a Batalha de Guaxenduba, entre 1613 e 1614.

Na ocasião comandou tropa três vezes inferiores em número à dos invasores, mediante manobras simultâneas em terra e pelo mar. Com flotilha de sete embarcações, derrotou os franceses comandados pelo Senhor Ravardiére, os quais assinaram armistício de um ano, o que resultou na sua retirada para ocupar e fundar, mais adiante, o que hoje conhecemos por Guiana Francesa.

Relata o Desembargador Clayton de Albuquerque Maranhão ter crescido ouvindo as passagens históricas, sobretudo da sua tia-avó Zuleika Maranhão Fernandes, filha do Major do Exército Imperial José Pinheiro de Albuquerque Maranhão, potiguar que viera para o Paraná nos idos de 1915, por conta da guerra do Contestado, onde atuou como Alferes.

Foi por intermédio dela que teve acesso ao livro “A Casa de Cunhaú”, situada numa região próxima de Natal, um dos mais importantes engenhos de açúcar do Nordeste, e que ficou sob domínio da Família Albuquerque Maranhão por aproximadamente 300 anos. É na capela desse engenho que Jeronimo de Albuquerque Maranhão se encontra inumado, capela essa tombada pelo patrimônio histórico do Rio Grande do Norte.

O Desembargador Clayton prossegue: “Como a família Albuquerque Maranhão é imensa, a Casa de Cunhaú e Jeronimo de Albuquerque Maranhão acabam sendo o ponto de referência para todos os primos que têm grau de parentesco distante. Para que se tenha ideia, somente no Paraná há três estirpes dos Albuquerque Maranhão. Além do meu bisavô José Pinheiro de Albuquerque Maranhão, acima mencionado, temos as figuras do Desembargador Luís de Albuquerque Maranhão e de João Malta de Albuquerque Maranhão, todos primos chegados no Paraná no início do século 20, deixando larga descendência, inclusive operadores do direito”.

Ressalte-se, ainda, os nomes da Desembargadora Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes em atividade, os Desembargadores falecidos Guilherme de Albuquerque Maranhão (ex-membro do Ministério Público) e Carlos Vitor Maranhão de Loyola, e os juízes de direito Luís de Albuquerque Maranhão Filho e César Maranhão de Loyola Furtado. Há também os Procuradores de Justiça Jerônimo de Albuquerque Maranhão, Silvio de Albuquerque Maranhão (falecidos) e Ricardo Pires de Albuquerque Maranhão, em atividade, e o Promotor de Justiça Guilherme de Albuquerque Maranhão Sobrinho. E mais: os advogados Mauro João Sales de Albuquerque Maranhão, Laertes Maranhão, Fernando Wilson Rocha Maranhão, Edigardo Maranhão Soares, Robison Maranhão, Deise Maranhão Gubert, João Paulo Bettega de Albuquerque Maranhão, só para citar alguns militantes do foro central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba.

Conclui o Desembargador Clayton de Albuquerque Maranhão a importância de rememorar parte relevante da nossa história no período do império, para nosso gáudio e das novéis gerações de brasileiros.

Eu, particularmente, convivi e convivo na faina do Judiciário com muitos membros da família Albuquerque de Maranhão. Sempre fui grato ao Desembargador Guilherme de Albuquerque Maranhão por ter sufragado meu nome em listas para promoção de juiz de direito por merecimento. Como titular da comarca de Cerro Azul, em 1980, labutava com o Promotor de Justiça Lourival Leite Bastos – exímio churrasqueiro – e recebemos a cúpula do Ministério Público, inclusive Jerônimo e Silvio de Albuquerque Maranhão. Com o Procurador de Justiça Ricardo Pires de Albuquerque Maranhão, atuamos no Órgão Especial e temos como afinidade a paixão pelas longas viagens de motocicleta. É marcante o trabalho jurídico dos inúmeros advogados da família nas ações e recursos submetidos ao meu julgamento.

Desembargador Robson Marques Cury