Professora Ivete Daher
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PROFESSORA IVETE DAHER
Por Robson Marques Cury
Curitibana nascida na primavera de 1938.
Invejável o seu currículo: Bacharela em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), turma de 1961; Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade de Administração e Economia (FAE) - Centro Universitário; Formada em Música pela Escola de Música e Belas-Artes do Paraná; Professora de Música do Colégio Divina Providência; Professora de Música do Colégio Estadual Pedro Macedo; Organista da Catedral Metropolitana de Curitiba; Organista da Capela Santa Maria; entre outros inúmeros cursos e incontáveis atividades desenvolvidas ao longo de sessenta anos.
Renomada professora de música, Ivete Daher auxilia as missas dominicais da capela do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) desde 1968, tocando em um pequeno órgão músicas sacras durante a missa, e o faz mesmo após a sua jubilação, voluntariamente, pelo puro deleite de abrilhantar com a sua música o rito religioso e pela satisfação de contribuir com o celebrante e com os fiéis para ornar a cerimônia com a música erudita própria da tradição religiosa cristã católica e ortodoxa.
Pessoa de hábitos simples, deslocava-se ao Tribunal de Justiça a bordo do seu impecável fusca azul, cobiçado pelos colecionadores. Atualmente, a idade avançada e a dificuldade de locomoção a privaram do prazer de conduzir a sua preciosidade.
Muitos anos atrás, faleceu o genitor do meu grande amigo desembargador Hirosê Zeni, e a pedido dele, telefonei às 6h da manhã acordando a professora Ivete para que contatasse o cerimonial, o que ela prestativamente providenciou.
Quem bem a retrata é o jurista Paulo Cesar Bachmann Alves, sacristão que ajuda a missa e auxilia o sacerdote nos ofícios divinos:
“Muito fez esta querida organista pela capela. É impressionante a sua formação clássica: Ludwig van Beethoven, Piotr Ilitch Tchaikovski, Franz Schubert, Johann Sebastião Bach, Richard Wagner, Frédéric Chopin, Antonio Vivaldi, entre outros compositores que atravessam os séculos sem jamais perderem a importância. Ela estudou a música sacra desenvolvida em todas as épocas da história da música ocidental, desde o Renascimento (Arcadelt, Des Près, Palestrina), passando pelo Barroco (Vivaldi, Bach, Haendel), pelo Classicismo (Haydn, Mozart, Nunes Garcia), pelo Romantismo (Bruckner, Gounod, César Franck, Saint-Saëns) e finalmente o Modernismo (Penderecki, Amaral Vieira). Não bastasse, a Professora Ivete mergulha em obras mais recentes, como quando executa melodias de cunho popular, ainda que profanas. Essas músicas não têm o brilho do repertório clássico, mas são também apreciadas, o que evidencia o ecletismo da colaboradora”.
O desembargador Accacio Cambi, primeiro magistrado a auxiliar o celebrante nas missas dominicais da capela do Palácio da Justiça, consoante com seu relato no capítulo sobre o Padre Gustavo Henrique Pereira Filho (CURY, Robson Marques. A História do Poder Judiciário Paranaense, v.2, Curitiba: Vitória Gráfica & Editora, 2023, pp.307, 314), assim se refere sobre a querida organista: “Ivete é uma pessoa admirável. Talentosa e muito dedicada ao estudo da música”.
Ivete lembra que o primeiro organista brasileiro foi o carioca Antonio Silva, e que foi indescritível a emoção de tocar pela primeira vez o órgão da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, encantadora com sua fachada ampla coroada pela Rosácea da Catedral. O órgão da catedral tem vinte registros sonoros e doze mecânicos, mil e duzentos tubos, distribuídos nos dois manuais de cinquenta e seis teclas e na pedaleira. Professora Ivete acentua que se sentiu muito honrada em exercer a função de organista oficial da catedral durante anos, tocando em ocasiões especiais.
Recorda que o desembargador Alceste Ribas de Macedo (na época presidente do TJPR, em sua primeira gestão), após demorados entendimentos com a Arquidiocese de Curitiba, especialmente com o Bispo Auxiliar Dom Pedro Fedalto, obteve a autorização para a celebração de missas na capela do Palácio da Justiça. O Tribunal foi o primeiro prédio público a obter a licença, abrindo a oportunidade para os demais poderes. As primeiras missas foram celebradas pelo padre espanhol Julio, da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas. O primeiro padre efetivo foi o jesuíta Gustavo Henrique Pereira Filho, e, após o seu falecimento, a função de capelão passou a ser exercida pelo Padre José Aparecido Pinto.
Ivete Daher é uma das joias raras que adornam a coroa integrada pelos mais ilustres servidores do Poder Judiciário do Estado do Paraná.