História do Judiciário: Escrivã Judicial Nory Lobo Régnier Barrozo
HISTÓRIA DO JUDICIÁRIO: ESCRIVÃ JUDICIAL NORY LOBO RÉGNIER BARROZO
Por Desembargador Robson Marques Cury
Nascida em Paranaguá, em 30/06/1930, de descendência Francesa e Portuguesa, filha de Roberto Barrozo, carioca do Rio de Janeiro, e Nelly Lobo Régnier Barrozo, natural de Paranaguá, que faleceu jovem após dar à luz seis filhos: Roberto Barrozo Filho, Nize Régnier Barrozo, Ronel Régnier Barrozo, Reny Régnier Barrozo, Nory Lobo Régnier Barrozo e Ruy Régnier Barrozo . Todos terminaram de ser criados por Diva Correia Régnier, irmã de Nelly Lobo Régnier Barroso, que contraiu matrimônio com seu pai e adquiriu o sobrenome Barrozo. Dessa união adveio a filha Nelly Regnier Barrozo e Ayres Alberto Régnier Barrozo (falecido)
O pai de Diva Correia Régnier foi o “Marquês de Charles Gourmmet”, título detido na França por Roberto Charles Simon Régnier, e sua mãe foi Lourença Correia, fruto do terceiro casamento dele, pois primeiro casou-se na França e aqui contraiu matrimônio duas outras vezes, gerando numerosa descendência.
O segundo casamento de Roberto Charles Simon Régnier, engenheiro geógrafo e agrônomo, quando trabalhava na construção da estrada de ferro, foi com Juvita Carneiro Lobo, de tradicional família de Jaguariaíva, advindo os filhos Nelly, Haydee e Carlos. Após o falecimento de Juvita, o engenheiro foi morar em Paranaguá onde contraiu núpcias com Lourença Correia.
A sua descendente, Maria José Correia, prima de Diva, contraiu núpcias com Ildefonso Pereira Correia, Barão do Cerro Azul, recebendo o título de Baronesa.
Outra pessoa ilustre da família foi o famoso médium espírita paranaense o médico Leocádio Correia, irmão de Maria José Correia, Baronesa de Cerro Azul.
Nory recebeu o sobrenome Lobo da sua mãe Nelly.
Nory casou-se com Edison Loyola Antunes, que também exerceu o ofício de escrivão judicial da 2ª vara cível, e dessa união tiveram os filhos Elizabeth Barrozo Antunes, que gerou os netos Ana Maria Schrapper Virmond Pichetto e Max Schrapper, Margareth Barrozo Antunes (falecida) e Edison Barrozo Antunes, que deu as netas Rafaella de Carvalho Antunes, Isabella de Carvalho Antunes e Fernanda de Carvalho Antunes. Importante registrar que Nory ainda noiva de Edison, começou a ajudar e aprender o ofício com o seu futuro sogro, Mario Siqueira Antunes, que era o escrivão titular da 2ª. vara cível. A propósito, vem bem a calhar lembrar o seguinte fato de relevante cunho histórico, o Juiz de Direito da comarca de Curitiba, Segismundo Gradowski, nos idos de 1940, convidou o escrivão do cível da comarca de Campo Largo, Mario Siqueira Antunes, para assumir e organizar o cartório da 2 vara cível de Curitiba. Lá começou a história de amor de Nory com a escrivania judicial, onde realizou-se profissionalmente.
Atuou como escrivã designada da 2ª vara cível da comarca de Curitiba durante aproximadamente onze anos, até 1999, tendo trabalhado com os Juízes de Direito Roberto Sampaio da Costa Barros, Carlos Eduardo Andersen Espíndola, Sigurd Bengtsson e Waldemir Luiz da Rocha, além de inúmeros Juízes de Direito Substitutos.
Eu a conheci logo que fui removido em 1990 para Curitiba, e designado para atuar em varas cíveis no Fórum da Avenida Cândido de Abreu, anteriormente pertencente à Montepar, popularmente chamado de “Idi Amin” e “Máscara Negra”.
Com a particularidade de sermos vizinhos do condomínio do Edifício Porto Alegre, sempre se destacou pela elegância, fino trato e gentileza com que tratava a todos especialmente no seu ofício de escrivã.
Nascida em tradicional família parnanguara, que subiu a serra e radicou-se na capital, seu pai, Roberto Barrozo, foi jornalista, advogado, oficial maior do 2º. tabelionato de protesto de títulos da capital, delegado de polícia, vereador e presidente da câmara municipal, prefeito interino de Curitiba, suplente de deputado estadual, deputado federal e Secretário de Estado de Interior e Justiça. E o seu filho, Roberto Barrozo Filho, irmão de Nory, o sucedeu nesse tabelionato.
Edison Barrozo Antunes, solícito em reportar dados da carreira da sua genitora, alinhavou o seguinte depoimento:
“Como é difícil falar da minha mãe, Nory. Porque é uma mulher extraordinária, guerreira, mãe e avó, sempre com atenção para a família, muitas vezes largou tudo para se dedicar aos seus entes queridos.
Tenho imensa admiração pela minha mãe Nory, pois sei das suas dificuldades de saúde na juventude, que superou com muita luta, inclusive após a separação, foi trabalhar para criar e educar os seus filhos, enfrentando todas as dificuldades imagináveis, sem se abater, tendo integral apoio da família.
Com o falecimento da filha Margareth que era um dos pilares da família, a mãe Nory sofreu demais, encontrando consolo na Igreja Presbiteriana de Curitiba.
Minha mãe Nory recebeu influência positiva do meu pai na parte profissional como escrivão da 2ª vara cível de Curitiba. Recebeu também bons influxos do seu pai Roberto Barrozo, que foi titular do 2º Cartório de Protestos da Capital, e do seu sogro, Mario Siqueira Antunes, titular da 2ª vara cível antes da assunção do seu então marido, Edison Loyola Antunes. E o seu empenho como escrivã judicial recebeu, como ainda recebe, elogios pela qualidade dos trabalhos desenvolvidos, da parte dos magistrados, membros do ministério público e advogados que com ela trabalharam. Assim como da Corregedoria em todas as correições realizadas, inclusive quando entregou o cartório, confirmando a pessoa honesta, séria e competente que sempre foi no desempenho do seu mister.
Contra todas as dificuldades da sua vida quando jovem, a despeito dos seus problemas de saúde decorrentes de osteomelite em uma das pernas, teve todo o apoio da família que nada lhe deixou faltar, mostrando a força dessa mulher, como testemunhado pelos meus amigos.
Na sua vida conjugal não lhe faltou nada, supridas as suas necessidades pelo seu marido, Edison Loyola Antunes. Mas o que aflorou mesmo naquela mulher que nós conhecemos, foi após a separação, depois de vinte e cinco anos de casamento, enfrentar as dificuldades sem se abater, mantendo a liderança da família e não deixando faltar nada para todos, com amor de mãe e avó. Muitas vezes suprindo o papel do pai para mostrar o mundo como é de verdade.
Em um certo momento da vida, mesmo envolvida integralmente com a sua atividade profissional de cartorária, nunca deixou de passar amor para os filhos e netos, mesmo quando vieram morar no mesmo prédio as suas tias Diva (mãe de criação), Sylvia e Stela, às quais prestou total atendimento, sempre achando tempo para todos.
Seu exemplo de vida deixa legado para todos e modelo para as futuras gerações de escrivães judiciais e chefes de secretaria”.
Por Desembargador Robson Marques Cury