Notícias

Professor Mansur Theophilo Mansur

Professor Mansur Theophilo Mansur. Crédito da foto: Bebel Ritzmann/OABPR.

PROFESSOR MANSUR THEOPHILO MANSUR

Por Desembargador Robson Marques Cury

Foi Aroldo Murá G. Hayert quem retratou, com rara fidelidade, no volume 9 do “Vozes do Paraná”, a saga desse Paranaense, caçula da prole de 12 filhos do casal de libaneses que emigraram em 1916 no auge da Primeira Grande Guerra Mundial, fugidos dos Otomanos que haviam invadido seu país.

Na entrevista, o Professor Mansur, detentor de prodigiosa memória, recorda-se com riqueza de detalhes, as imensas dificuldades do pai Theophilo Mansur e da mãe Affife, subindo do litoral para Piraquara e depois para Curitiba, onde terminaram de criar os oito filhos que sobreviveram, apesar da falta de médico e de remédios, além da pobreza, com os minguados recursos do armazém onde vendia secos e molhados, com monjolo para moer erva mate, produção de sal e açúcar. Todavia dívida com agiotas fez com que perdesse a casa e o negócio, depois montou fábrica de pólvora e também uma confeitaria e, por fim, uma loja de tecidos chamada Marabá.

Diante das dificuldades, Mansur começou a trabalhar aos 10 anos, tirando pó em uma loja de louças, no ano seguinte era um faz-tudo no escritório do advogado Dálio Zippin. Mas estudou no Grupo Escolar Xavier da Silva e ainda ajudava o pai na confeitaria do melhor quindim da cidade. Garante também ter inventado o espetinho de gato. Recebia gorjetinhas, fumava cigarros com os amigos, tomava meia cerveja e ia ao cinema.

Apesar da infância pobre e sofrida, conseguiu guardar dinheirinho para comprar tecido de astracan e o casaquinho confeccionado pela irmã presenteou a sua querida mamãe. Mansur afirma: “Todo meu coração era da minha mãe”.

Seu pai Theophilo, preocupado com a malandragem, o mandou alistar-se no Exército, onde chegou a motorista de luvas brancas do general-comandante.

Ingressou na faculdade e trabalhou como advogado no escritório de Francisco Cunha Pereira Filho. Também foi revisor no jornal “O Dia”, bem como locutor e apresentador nas Rádios Guairacá e PRB2.

Exerceu o cargo de Promotor de Justiça Militar no ano de 1966 durante a ditadura.

Em 1968 foi convidado pelo Professor Milton Vianna para ocupar a cadeira de Finanças, Direito Financeiro e Tributário da Faculdade de Direito de Curitiba, que depois viria a se transformar no UniCuritiba. Ainda é o titular, tendo completado 50 anos de magistério e contribuído na formação de Bacharel em Direito de mais de 19 mil alunos.

Eu tive a honra de ter sido aluno da sua primeira turma, em 1968, e colei grau no ano de 1972. Todas as gerações de magistrados do Poder Judiciário do Paraná, desde então, contam com diversos de seus ex-alunos, bem como em outros Estados. Da mesma forma tem acontecido na carreira do Ministério Público. Igualmente no âmbito da Justiça Federal. Também nos demais Poderes: Executivo, com os Procuradores do Estado, Defensores Públicos e na área da Segurança Pública. No Legislativo e no Tribunal de Contas. Seus ex-alunos que seguiram a advocacia são milhares.

O Professor Mansur também exerceu a advocacia. Presidiu a OAB/PR de 1991 a 1993, oportunidade em que recebeu a visita do Presidente do Tribunal de Justiça de então, Desembargador Luís Renato Pedroso, e do Corregedor, Desembargador Henrique Chesneau Lenz Cesar. Nessa época destacava-se o advogado José Roberto Batochio, que seria Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Relembra, com saudade, do seu convívio com Francisco Cunha Pereira Filho, da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), filho do Desembargador Francisco Cunha Pereira.

Pai de cinco filhos, três deles formaram-se em Direito, e a caçula foi sua aluna na UniCuritiba.

Seu sobrinho, Carlos Mansur Arida, também foi seu aluno, turma de 1978 da Faculdade de Direito de Curitiba, tendo exercido por longos anos a advocacia, igualmente lecionou como Titular da Cadeira de Direito Processual Civil, nessa mesma faculdade, e exerceu o cargo de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, na Classe de Jurista, de 1996 a 2000, recebendo a Comenda do Mérito Eleitoral em 2017. Em 2002, foi nomeado Juiz do Tribunal de Alçada na vaga do quinto constitucional destinado à OAB, e dois anos depois foi promovido ao cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná, atualmente com assento na 5ª Câmara Cível e como seu presidente.

A profícua carreira do Professor Mansur Theophilo Mansur ultrapassa o “Jubileu de Ouro”, deixando indelével marca em incontáveis turmas de Bacharéis em Direito, mercê da sua dedicação e determinação em ensinar os novéis operadores do direito.

Texto: Desembargador Robson Marques Cury.