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Seminário Internacional de Saúde Mental discute política antimanicomial no TJPR


SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE SAÚDE MENTAL DISCUTE POLÍTICA ANTIMANICOMIAL NO TJPR

Cerimônia de abertura do evento contou com diversas autoridades que assumiram compromisso de cumprir resolução do CNJ

O “Seminário Internacional de Saúde Mental Possibilidades para a efetivação da Política Antimanicomial na Interface com o Poder Judiciário”, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), teve início na manhã do dia 15 de junho com a presença de autoridades estaduais e nacionais. “Vamos juntos pensar como aprimorar a execução da política antimanicomial, garantindo direitos fundamentais com atenção constante à segurança social”, afirmou o presidente do TJPR, Luiz Fernando Tomasi Keppen, na abertura do evento, citando a Resolução CNJ 487/2023, que instituiu a Política Antimanicomial do Poder Judiciário. 

O supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF) do TJPR, desembargador Ruy Muggiati, ressaltou que a realização do seminário é um fato histórico. Citando diversos pensadores, como Hannah Arendt, Norberto Bobbio e Orlando Gomes, o desembargador falou que a política tem o dever de organizar as diversidades e garantir direitos fundamentais. “Esperamos que o nosso trabalho aqui alcance seu objetivo no final, para que possamos dizer que contribuímos para uma sociedade mais justa, fraterna e solidária”, disse Muggiati, lembrando as vulnerabilidades das pessoas privadas de liberdade em relação ao tratamento de saúde mental. “Nós da EJUD temos máxima alegria de recebê-los aqui. Temos tanto a conhecer, sigamos no conhecimento”, observou o diretor-geral da Escola Judicial do Paraná (EJUD-PR), desembargador Ramon de Medeiros Nogueira.  

O Ministério da Saúde foi representado no evento por Helvécio Miranda Magalhães Júnior, secretário nacional de Atenção Especializada à Saúde, que se comprometeu a juntar forças entre o governo federal e os estados para colocar em prática a Lei 10.216/2001, a lei da Reforma Psiquiátrica, criada há mais de vinte anos.  “Vamos retomar a agenda, abandonada nos últimos anos, de dar direitos às pessoas privadas de liberdade com responsabilidade e segurança”, garantiu o secretário.  

O secretário nacional de Políticas Penais, Rafael Velasco Brandani, representando o ministro da Justiça, Flávio Dino, confirmou o compromisso do governo federal com a aplicação da legislação. “Vamos cooperar e juntar esforços para implementar as propostas discutidas aqui. O ministro acredita firmemente que a participação dos estados é fundamental e quer estabelecer um debate aberto e construtivo com todos para aplicar a política antimanicomial”, anunciou Brandani. 

Da mesma forma, a secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça, Marta Machado, assumiu o compromisso de aplicar as diretrizes fundamentais da resolução do CNJ, fruto do grupo de trabalho que propôs a proteção dos direitos fundamentais com articulação entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e as redes de proteção social. “A Secretaria vai apoiar a aplicação da resolução em todo o país para que possamos avançar no sentido de dar dignidade às pessoas privadas de liberdade”, disse a secretária. 

A deputada Márcia Huçulak (PR), representando a Assembleia Legislativa do Paraná, também ressaltou a importância de pensar o problema da saúde mental no sistema prisional a nível nacional. “Na legislação temos a proteção social e a saúde separados, precisamos aproximar ambos, pensar em uma legislação de irmandade”, afirmou Huçulak. 

A cerimônia de abertura do seminário terminou com a participação do desembargador Mauro Pereira Martins, conselheiro supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socieoeducativas (DMF) do CNJ. O conselheiro relatou que são realizadas visitas mensais às unidades prisionais com relatórios que mostram a realidade sobre as pessoas privadas de liberdade com problemas de saúde mental. “Ainda não fomos nem longe nem a fundo na reforma psiquiátrica no Brasil”, afirmou o conselheiro, relembrando a importância do caso Ximenes Lopes vs. Brasil, em que um detento com problemas mentais faleceu. “A idealização desse seminário é para fazer com que essa lei ainda não realizada seja cumprida, é um importante passo para a garantia de direitos, é um avanço no compromisso do Estado brasileiro”, concluiu o desembargador. 

Sobre o Seminário 

O Seminário Internacional de Saúde Mental trata de ações voltadas às pessoas em sofrimento mental que possuem conflitos com a lei. O objetivo é estimular o debate sobre a aplicação das medidas de segurança, no caso de adultos, e de medidas protetivas e socioeducativas, no caso de adolescentes, a partir de um paradigma de proteção dos direitos fundamentais e de atenção integral articulada com o SUS e com a rede de proteção social de modo geral. 

Com isso, pretende-se que magistrados, magistradas e toda a rede do Judiciário e do Executivo possam ter uma melhor compreensão sobre os desafios que encerram as diretrizes antimanicomiais e a própria atuação aprimorada e instrumentalizada para a realização e implementação da política. 

O evento é realizado no Auditório Pleno do TJPR, em Curitiba, e transmitido no canal do CNJ e da EJUD no YouTube. 

Confira a programação do evento