Falta de equidade nos espaços de poder é debatida no congresso Elas no Direito

FALTA DE EQUIDADE NOS ESPAÇOS DE PODER É DEBATIDA NO CONGRESSO ELAS NO DIREITO
Evento, que será realizado até o dia 21 de março, reúne lideranças femininas nacionais
A falta de equidade nos espaços de poder foi o assunto debatido, na tarde desta quinta-feira (20/03), no congresso “Elas no Direito – Liderança Femina e Equidade no Judiciário”. O evento, promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), será realizado até o dia 21 de março, em Curitiba.
Sob a mediação da desembargadora Lenice Bodstein, a apresentação de boas práticas e estudos no Judiciário deu início à programação. O debate contou com a participação da vice-coordenadora Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), a juíza Taís de Paula Scheer, e da autora do livro “Equidade na Toga”, a juíza Luciene Oliveira Vizzotto Zanetti.
A vice-coordenadora da Cevid compartilhou a pesquisa em que analisou a competência híbrida nos casos de violência doméstica. “A competência híbrida é a ideia de reunir, em uma mesma unidade judicial, as demandas de Família e Criminal, para que as mulheres possam superar esse ciclo de violência”, explicou a magistrada.
A juíza Luciene Oliveira também compartilhou dados da sua análise sobre a organização do trabalho com base no gênero masculino. Os resultados são baseados em uma pesquisa realizada com magistradas do TJPR. “A conclusão é que existe uma assimetria do poder. Existe uma falsa sensação de que já alcançamos a diversidade, mas isso não é verdade. Ainda temos barreiras invisíveis que precisam ser derrubadas”, destacou a juíza.
O primeiro painel da tarde, mediado pela corregedora da Justiça, desembargadora Ana Lúcia Lourenço, abordou o tema “Mulheres na Liderança”. A governadora emérita do estado do Paraná, Cida Borghetti, falou sobre sua trajetória na carreira política e ressaltou nomes femininos que se destacaram na política mundial. Ao final da sua apresentação, direcionou sua palavra para as magistradas do TJPR. “Se vocês estão aqui, é porque têm uma missão. Permaneçam como presidente, corregedora, desembargadoras, juízas e promotoras, em seus gabinetes, para ajudar o país”, afirmou a governadora.
A coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, que se tornou a primeira mulher a ocupar o Comando-Geral da Polícia Militar do Paraná (PMPR), também compartilhou os desafios e méritos em sua jornada profissional, e falou sobre a dedicação na liderança feminina. “É necessário se prevenir e se preparar para ocupar certas posições. Liderança exige sacrifícios pessoais e familiares. Mas creio que nós temos a capacidade para isso”, destacou a coronel.
Em sua participação no painel, a ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Paraná (OAB-PR) e primeira mulher a ocupar o cargo na instituição, Marilena Indira Winter, falou sobre o cenário na advocacia. “Hoje, no Brasil, nós somos 740 mil advogadas; no Paraná, somos quase 47 mil. Atualmente, as mulheres representam 51% da advocacia no país. Mas nós iremos chegar ao nosso centenário, provavelmente, sem nunca ter uma mulher presidente da OAB nacional.”
Empoderamento Feminino nas Profissões Jurídicas
Finalizando o primeiro dia de evento, a diretora do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Melina Girardi Fachin, conduziu a última palestra com o tema “Empoderamento Feminino nas Profissões Jurídicas”. A diretora falou sobre os caminhos que podem ser percorridos para diminuir o tempo para a igualdade. “Pesquisas mostram que levaremos quase um século para atingir a plena igualdade. Isso se formos mulheres brancas. Para as mulheres negras, esse tempo quase dobra. E, obviamente, que nenhuma de nós aqui tem a intenção de corroborar com a lentidão desse tempo. Precisamos, então, buscar os nossos aceleradores”, afirmou a diretora.