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Magistrado José Eudeni Magalhães


MAGISTRADO JOSÉ EUDENI MAGALHÃES

Por Robson Marques Cury

José Eudeni Magalhães é cearense de Iracema, nasceu em 21 de dezembro de 1951, mas foi criado desde os 6 anos no noroeste do Paraná. Ele é filho de Geraldo, um operário da construção de estradas que mal sabia escrever o nome, e de Raimunda. Eles são pais de quinze filhos, dos quais sete concluíram curso superior. 

Magalhães iniciou sua carreira como professor municipal rural de Paranavaí. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), turma de 1979, e advogou praticamente por 5 anos. Ele também possui diversas especializações em Processo Civil, é mestre em Relações Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e possui doutorado em Relações Sociais pela UFPR. Ingressou em 1984 na magistratura através de concurso e se tornou juiz substituto na secção judiciária de Loanda. Ele ainda foi juiz de Direito de entrância inicial de Salto do Lontra, onde foi o primeiro juiz da comarca. O magistrado foi removido para Paranacity e foi promovido para a intermediária de Cruzeiro do Oeste, atuando nas duas varas: cível e criminal e anexos. Mas adiante em sua carreira, ainda foi removido para Arapongas e depois para Campo Largo, onde permaneceu durante 14 anos na intermediária até ter sido promovido para Curitiba, cidade em que se aposentou em 2004. Seu currículo, em versos livres, é admirável. 

Do meu currículo ofereço  

Uma suma, um resumo  

Para os amigos do futuro  

Que farão comigo turno  

Na vereda da poesia  

Neste sítio da alegria.  

  

Na Universidade do Paraná  

Eu me formei.  

No dorso do Direito andei.  

Com o meu corcel alado,  

Lindos campos contemplei.  

  

Três décadas na faina do Direito  

Valorizando a existência  

Que as lides sempre revelam.  

Sobra agora a experiência,  

Que os meus versos salientam.  

   

O Direito me acalenta   

Pela via da Justiça:  

Um quinquídio advogando  

Na região metropolitana,  

Curitiba, fora o começo,  

Dessa nobre e bela carreira.  

    

Na magistratura fui aprovado,  

No início dos anos oitenta,  

Uma carreira sagrada  

Pela marcha às cidades,  

Das regiões do Paraná.  

  

Em Curitiba hospedado,  

Por decreto fui jubilado,  

O chamado da poesia  

Brindou-me nova atividade.  

Na corona segue a prosa  

Que exerço com amenidade:  

São contos e crônicas,   

Que ainda permanecem inéditos  

No varal da diversidade.  

  

Participei da judicatura.   

Prossegui sempre atuante  

No magistério superior,  

Exercido com muito amor.  

  

Na qualidade de Especialista,  

Mestre e Doutor,  

Muitos artigos e monografias escrevi,  

Palestras e entrevista concedi  

No estatuário do Direito.  

  

Nos anos noventa  

Conclui o Mestrado,  

E na sequência, o Doutorado,  

Na Universidade do Paraná  

Donde um dia fui graduado.  

Culto e erudito, José Eudeni Magalhães tem profícua produção literária, amealhando, ao longo de duas décadas de jubilação, aproximadamente cinco mil laudas de poesias dos mais diversos gêneros. 

Como presidente da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR), em sessão realizada no dia 24 de março de 2011, na sala do desembargador Plinio Cachuba (na qual estiveram presentes os desembargadores Sonia Regina de Castro, Rogério Kanayama, Edvino Bochnia e Jorge de Oliveira Vargas; os juízes convocados Rui Bacellar Filho e Jefferson Alberto Johnsson; o procurador de Justiça Leo Weber Schiller; e a secretária Danielle da Silva), declamei, em homenagem aos operadores do Direito, a poesia da lavra do magistrado Eudeni Magalhães intitulada “Luta-Vida”: 

A luta revela o homem/ 

E lhe faz um lutador/ 

A luta lhe dá coragem/ 

Para ser um vencedor/ 

Quem luta o triunfo alcança/ 

Se constante é a sua força/ 

Se no caminho não descansa/ 

E o ânimo sempre reforça/ 

Pois só quem se arrisca vive/ 

E só vive quem se arrisca/ 

É isto que sempre tive/ 

A vida com muito risco. 

A sua obra está codificada por ano e por título, da seguinte forma: livros Poemas (2009 a 2010; 2011 a 2023) – cada ano corresponde a um livro de produção, totalizando 14; livro Hai Kai; livro de provérbios bíblicos; livro de salmos bíblicos; livro de trovas; livro de sonetos. Todos ainda a serem publicados. 

Sou grande admirador do magistrado poeta Eudeni, com quem tive o prazer, ao longo dos anos, de participar de tertúlias poéticas na colônia de férias da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) em Guaratuba, onde os nossos filhos cresceram juntos. 

E ele retrata a sensibilidade do poeta da seguinte forma: 

“Os fenômenos sociais são às vezes dinâmicos, outros são estáticos, mas todos exigem desprendimento dos cultores da ciência ou da arte.  

A arte segue o rastro,  

Que se alastra no coração!  

O sentimento demarca,  

O que lhe dá satisfação. 

A sensibilidade tem o seu lugar, mas não reina absoluta, porque a razão é quem dá as cartas para as tormentas do sentimento.  

Sem esta bússola,  

O timoneiro perde o rumo,  

E a nau a sua direção,  

Porque sem razão,  

Propende a sensibilidade  

Para um sentimentalismo exasperado...  

A sensibilidade é a característica fundamental do poeta.  

Diria que o sentimento, embora controlado pela razão, na poesia assume um papel relevante, porquanto, sem ela, haveria apenas a versificação racional, que, embora tenha o seu valor, escurece um pouco a luz que irradia do âmago da alma.   

Em regra, o poeta deixa a alma falar, e o coração transmitir algo que só o sentimento pode manifestar.  

Então, não se assuste com algumas das minhas poesias, máxime aquelas que irradiam os pólens que são transportados para germinar a criação.   

A polinização é o fim em si.   

Não importa se a polinização é cruzada, isto é, através de agentes exógenos, como, por exemplo, os ventos das manifestações culturais populares, religiosas, etc., que são captados pelo artista ou poeta e retratados em sua obra.   

No caso da autopolinização, onde a reprodução é direta, o estigma da arte reproduz a arte no âmbito mais restrito da sua criação original, e por que não dizer: regional ou até mesmo local e individual?   

Aqui as influências externas são menores, porquanto o artista ou poeta permanece fiel às raízes endógenas – uma manifestação criadora ínsita à natureza de determinado artista ou poeta.   

O sentimento é uma torrente, donde emana a lava que aquece o coração, não só do autor, mas de todos aqueles que, de alguma forma, com ele se relacionem.   

É impossível não sentir o calor do magma que flui dum vulcão ativo.   

Há umas “vis atractiva” que reúne autores, poetas, músicos e expectadores, nos anfiteatros da vida, por isso falamos em mundo artístico, ou melhor, em universo artístico, que extrapola as barreiras territoriais da aldeia onde residimos”.